Vampiro - A Máscara
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Mensagem por Adam Parker Seg Set 15, 2014 3:12 pm

Doze quadras ao sul do Cordeiro Massacrado, em uma rua antiga, arborizada e residencial, encontra-se a Casa de Adam Parker. Composta de dois quartos, banheiro, sala e cozinha, ela é feita de madeira fraca, revestida com uma pintura nova e leve. Uma simples casa de subúrbio, que não atrairia qualquer atenção se não fosse por sua base de pedra, característica de alguma das casas na redondeza. Feita com pedras encaixadas, juntamente a grossas e antigas tábuas de madeira, diz-se serem partes de construções anteriores, que remontam ao início de Vancouver, quando aquelas casas era apenas uma vila de madeireiros, posteriormente alcançada pela cidade. Especificamente no caso desta, a base de pedra forma ainda um largo, porém baixo porão, onde um adulto poderia permanecer de joelhos. Neste se localiza o aquecedor. Quanto ao teto do porão, que corresponde ainda ao piso da casa, é formado por velhas e resistentes madeiras.

Frente e Sala

Chegando a casa, destaca-se a parede de pedras rebocada em sua base, e a escada de madeira que dá acesso a casa. Ao entrar, dar-se-á de cara com a sala, onde móveis antigos e puídos marcam seu interior, assim como em todo o restante do imóvel. No meio dela, uma pequena e simples lareira garante algum calor no inverno. Enquanto em um dos cantos, uma grande e antiga arca guarda, logo abaixo, o alçapão de acesso para o porão.

Cozinha e Quartos

Passando da sala ainda temos a entrada da cozinha e o acesso para um corredor. E seguindo corredor adentro, pode-se chegar aos dois quartos, ambos com um antigo, mas eficiente aquecedor. Quanto à cozinha, que não passa de um corredor mais largo, estranha-se por possuir um pequeno e antigo fogão à lenha feito de pedra. Este se contrapõe ao fogão, não tão novo, mas ainda assim moderno que fica seu lado. O fogão de pedra é interligado ainda a pequena lareira, que fica exatamente no lado oposto da parede. Os demais móveis e eletrodomésticos tomam o restante ambiente, enfileirando-se, e deixando espaço apenas para no máximo uma pessoa transitar. O lugar, por fim, desemboca em uma porta para lateral e fundo da casa.


Terreno e Vizinhança


A parte de trás da casa, bem menos conservado, dá uma melhor ideia de como seria o lugar em seu início, com uma base de pedras apenas encaixadas, e uma estrutura de madeira forte, mas não alisada ou mesmo pintada. Já o terreno da casa, assim como na maioria das propriedades naquele quarteirão, é amplo e dividido apenas por cercas de ferro. A maioria ainda possui árvores e grama selvagem, caracterizando assim mais um mato do que necessariamente um jardim. E algumas propriedades estão aos poucos sendo desabitadas pelo prejuízo com hipotecas, violência e a perda de empregos.
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Mensagem por Adam Parker Seg Set 15, 2014 5:48 pm

O dia já clareava quando finalmente voltou para casa. Tentou entrar em silêncio, retirando os sapatos, e quando chegou ao quarto não hesitou em se espreguiçar na cama, pronto para uma boa manhã de sono. Contudo, antes que fechasse os olhos, sentou-se e pendurou os braços sobre os joelhos. Necessitava de levantar. Dessa forma seguiu para cozinha, onde permaneceu até os seus irmãos chegarem - Que cheiro horrível!  - Disse o primeiro, um moleque com quinze anos e um cabelinho de cuia que o definia muito bem - Beleza fedelho. Quando começar a cozinhar talvez possa falar alguma coisa. E sua irmã? Ainda não acordou? Também preciso dormir um pouco se não perceberam - Deixou uma garrafa de café, junto com um pouco de ovos mexidos na mesa, e obrigou o irmão a esquentar as torradas, enquanto esperava a mais nova. Mas esta não demorou.

Diferentemente de Charles, o adolescente mais velho, Mary ainda era carinhosa, apesar de estar próxima do segundo estágio - Você está horrível, mano. Bateram em você? - Ela sem encostou no velho fogão e continuou falando sem dar chances para repostas - Essa semana tem um novo encontro dos pais e professores, e a senhora Hingis te chamou de novo - A guria então o encarou com seus grandes olhos castanhos - Nem me olhe assim. Juro que não fiz nada dessa vez. Mas se lembre de ir, ou ela vai ficar pegando no meu pé - Mary Parker era simpática, ainda que não se calasse em nenhum momento da vida. E de fato, ela praticamente não parou durante quase dez minutos, tempo suficiente para todos terem traçado toda a comida que o mais velho havia feito. Dessa forma, enquanto a dupla iria junto para a escola, Adam finalmente descansaria da noite anterior, e começaria os preparativos para o comércio de sempre. Porém, infelizmente assim não poderia, ao menos não sem antes haver a tradicional discussão com o irmão.

O homem logo se viu encarado pelo garoto com uma folha em mãos - Preciso que assine isso - Assim como a mais nova, Charles era um meio irmão de Adam. E se não bastasse o meio parentesco, para lhe dificultar sua imposição de moral e controle, Charles ainda era um meio irmão adolescente - Hum - Ele não disse ou fez qualquer gesto que indicasse alguma opinião, levando o moleque a olha-lo por alguns instantes antes de continuar - É de um passeio para Seattle. Apenas dois dias - Após aquilo, nem mesmo respirou para dar a resposta - Não - O que resultou no esperado - Mas... Ao menos leia! - Ele então tentou a explicação - Moleque, eu preciso de você aqui para cuidar de sua irmã. Não posso pagar ninguém para ficar a noite com ela. Você sabe disso mais que qualquer um. Então novamente, não! - Por um instante pensou que se veria livre quando o garoto virou de costas, porém estava cedo para comemorar - Uma vez na vida. Apenas uma vez só eu não posso fazer algo?! Por duas noites?! - Aquela altura o mais velho já começava a desistir - Se quer a porcaria de uma comida e roupa limpa todos os dias, você vai ter de fazer alguma coisa também! - E assim levou a vermelhidão aos olhos do adolescente.

Não era incomum esse tipo de discussão. Mas na medida em que Charles crescia, a situação ficava mais intragável para ambos - Não pedi essa miséria de vida - Respirando fundo, restou a Adam assistir enquanto o irmão marchava casa adentro - Ninguém pediu - E assim ele apenas esperou até que os irmãos estivessem prontos, sem dizer uma única palavra. Contudo, não conseguiria nem ao menos se despedir em silêncio, não sem antes receber uma visita bem esperada.

A polícia de Vancouver ainda não chegava a lhe visitar mensalmente, mas nesse dia, ao menos por Adam, já era aguardado - Policial, que surpresa! - Quase saindo, Charles e Mary acabaram dando de cara com a dupla fardada na porta. Charles apenas olhou de soslaio para o irmão e seguiu sem dizer uma única palavra, enquanto puxava sua irmã pela mão. Já Mary, acabou por soltar a mão e partiu em direção a Adam, dando-lhe um apertado abraço - Cuidado, mano - às vezes, ele ainda se surpreendia com aquilo, quase sempre levando a mão à cabeça da guria sem uma maior reação. Mas nesse dia foi ainda mais rápido, liberando-a apressadamente para que seguisse o adolescente que já a chamava - Vamos logo, Mary - Insistiu o moleque emburrado. Restando a Adam assistir a loirinha se afastar e seguir pela calçada, até a visão ser tomada por dois ombros revestidos de azul.

- Ontem fomos ao escritório de Garret pegar uma possível encomenda de drogas vindas de Seattle, mas em compensação achei um My Happy Baby na caixa. Então, você não sabe de nada sobre isso? - Com o rosto impassível, Adam apenas negou - O que eu poderia saber sobre os brinquedos que o Garret compra ou não para os filhos? - Um dos guarda apenas ergueu a sobrancelha - Não se faça de imbecil, Parker. Garret nem filhos tem! Acha que aquela merda de boneca era para quem? Ele?! - Saindo porta afora, o rapaz tentou puxar um cigarro - Não discuto o gosto alheio - Mas acabou impedido pelo outro policial, que lhe tirou o fumo da mão, enquanto começava a perder a paciência.

- Sabe Parker, quase sempre tento entender como, gente feito você, parece ter merda no lugar do cérebro - O guarda esmagou o cigarro enquanto falava - Mas ai me lembro que vocês parecem ter alguma inteligência, seja lá de onde ela saia. Então vou falar uma última vez. Aquele velho imbecil que lhe criou não se safou à toa. Se não percebeu, ele não tinha ninguém na vida! Mas você tem! E caso ainda reste algum gosto por eles, é melhor pensar duas vezes na porcaria em que está se metendo - O policial já erguia uma veia da testa, mas Parker simplesmente não se moveu ou alterou - Mais alguma coisa? - O primeiro guarda já deixava o lugar com uma mão na tela do celular, enquanto o segundo ainda permanecia - Só um aviso. Na próxima você vai conosco. É bom lembrar disso!
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Mensagem por Adam Parker Qua Set 17, 2014 3:59 pm

Spoiler:

Deu uma última conferida nos irmãos antes de sair. Charles continuava sem dizer uma única palavra após o acontecido, algo normal naquela convivência. Os irmãos já estavam acostumados com as rusgas, ainda que o adolescente se afastasse cada vez mais. Quanto a Mary, após coloca-la para dormir e dar-lhe um beijo na testa, certamente não o geraria maiores problemas. Assim, e usando roupas mais solta, antigas roupas de educação física, ficou pronto para a hora de ir ao encontro que teria mais tarde. E não adiou mais sua partida.

Saindo calmamente pelas portas dos fundos, e apostando em sua furtividade, ele aproximou-se da primeira cerca, apoiou-se e pulou em direção ao terreno ao lado. Tinha de ser cuidadoso e fazer o mínimo de barulho. Principalmente por seus problemas não consistirem apenas na audição humana, mas também na atenção problemática de alguns ajudantes. Dessa forma, atravessou a segunda cerca por uma brecha, se esforçando para não demonstrar hostilidade, ao mesmo tempo em que jogou dois pequenos pedaços de carne na murada dos Hamilton. A maioria dos cachorros na vizinhança conhecia seu cheiro e métodos, porém deveria garantir. Mais um pedaço na casa da senhora Clarence, e pulou a terceira murada, tendo, dessa maneira, o acesso a um beco escuro e pouco usado, existente por trás de seu quarteirão. Do beco, seguiu ainda por pelo menos mais três muradas antes de atingir uma rua, dois quarteirões por trás de sua casa. Deserta como sempre, e cortada por ruelas estreitas e longas, essa lhe deu alguma segurança para alcançar o alvo final, uma reserva de mata fechada próxima da região. Local nunca visitado, mesmo por usuários de drogas ou adolescentes ardentes, tornando-se o lugar perfeito para sua negociação.

Chegando a reserva, ele avançou através de uma brecha na velha cerca de metal, delimitadora da área, e continuo por uma trilha mata adentro. Ainda caminhou por mais alguns metros completamente no escuro, só acedendo a lanterna quando as luzes ao fundo começavam a se escassear, assegurando o desinteresse de qualquer olhar curioso e indesejado. Posteriormente, prosseguiu na trilha um pouco mais, durante alguma distância, contudo não demorou em chegar ao ponto desejado, local de encontro que sempre utilizou. E neste sentou, apagou a luz e esperou por sua visita esperada, em meio à escuridão e o silencio da floresta noturna.

Sem dificuldades pode ouvir quando passos próximos romperam galhos e grama. Sem uma visão clara, ele foi obrigado a se resguardar um pouco até possuir a certeza, no entanto logo se pronunciou quando perdeu suas dúvidas - Mônica! Pensei que não viesse mais. Já estava com saudades. Trouxe o que pedi? - A morena, agora de cabelos amarrados, ficava diferente sem os longos cachos espalhados, mas ainda assim era bem apreciada aos olhos de Adam - Sim - Confirmando, ela apresentou uma sacola plástica preta e estufada - Mas realmente tem certeza do que me pediu? Volto a lembrar, se começar a distribuir nesse volume, eles certamente irão desconfiar. Ainda mais agora, se realmente diminuíram sua área - A mulher tinha alguma razão. Garret havia dividido e limitado ainda mais as áreas de muitos em West Vancouver, incluindo a do próprio rapaz. Não à toa Adam já havia tentado entrar em um ou outro território, como o centro de Vancouver ou mesmo na Roxy, buscando contatos e negócios conjuntos, mesmo que não conseguisse muito.

- Relaxe. Dou meu jeito - Confiante, ele tentou quebrar qualquer dúvida presente na mulher, e sem cerimônia, laçou a cintura da moça com braço direito. Contudo, e infelizmente, foi logo interrompido por escape de destreza magistral - Não é tão fácil assim, “amor”. Temos mais negócios a resolver, lembra? - Livrando-se de Parker, e com um tom pouco amigável, a mulher mudou rapidamente o assunto - Prometeu-nos informações mais aprofundadas além da chave - Apesar do ter possuído um tom normalmente autoritário  e doce, Mônica Hingis conseguia ser simplesmente seca quando desejava - Interceptar os livros e mensagens está se tornando difícil demais. Precisamos de mais, precisamos de informações concretas.

Parker já relevava as insistências da mulher há algum tempo, com dificuldade tinha de admitir. E a situação se intensificado a cada encontro - Meu acordo era apenas o de entregar a chave para tradução dos códigos, e eu já cumpri minha parte, não? - Em troca ganharia uma vaga na nova rede de tráfico que se levantava, quando esta ocupasse seu devido lugar. Esse era o trato. Ou ao menos “era” - E já tinha dito que os textos chegam codificados, principalmente com abreviações. Alguns eu consigo entender, mas a maior parte não. E certamente o que consigo não tem nenhuma importância para vocês - A cada investida da mulher, ele se mantinha relutante. Sabia que estava começando a caminhar em ovos. Liberar informações de menos poderia lhe jogar em sérios apuros com seus novos aliados. Já liberar informações demais, facilitaria para o trabalho do grupo de Garret em encontrar a fonte. Mesmo assim Mônica não aparentava muito disposição em colaborar - Você já está dentro, Adam. Tem de entender isso! Agora não tem como sair ou se livrar, o único caminho é nos ajudar. Mas para isso você vai ter de se decidir o quanto realmente está disposto a colaborar! - Os olhos se cruzavam diretamente em meio à penumbra - Preciso de qualquer informação que já tenha conseguido com Garret. Qualquer uma. E quero que se esforce em conseguir mais nas próximas chances - Adam tentou responder, mas nem ao mesmo  tempo para tanto ele conseguiu - E antes que pense, não vai conseguir me enrolar. Sabe que chegamos ao limite.

Como já havia demonstrado em outras oportunidades, Parker não era facilmente acuado, e Hingis sabia bem disso. Porém agora ele se viu confrontado com uma certeza firme. Fatos apresentados com inegáveis verdades. Sinceramente, soube que não poderia mais se desviar. Teria de agir e enfrentar a situação a partir dali. E se seu “tutor” havia lhe ensinado algo, era que máfias e demais gangues vêm e vão. Desse jeito, restava ao rapaz a opção de estar preparado para permanecer em meio às mudanças, da mesma forma que a venda de drogas e outros negócios ilícitos sempre permaneceram. Uma pena que o velho não tenha lhe ensinado mais. Talvez seu jogo de cintura lhe desse maior oportunidade de permanecer sobre o muro mais tempo. Mas como opções lhe faltavam, restou admitir a verdade e aproveitar o quanto pudesse. Assim, avançando contra a mulher, ele novamente lhe agarrou a cintura - Farei o possível - Mas dessa vez não houve recuo ou fuga da outra parte - Sinceramente... - A mulher fez uma pausa para uma longa respiração, e só então continuou - ...Não sei onde que chegar com tudo isso.
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Mensagem por Adam Parker Sex Set 19, 2014 5:53 pm

Ao finalizar o encontro com Mônica Hingis, ele retirou uma considerável soma de um pacote guardado sob sua roupa, e a entregou como pagamento pelo material recebido. Em seguida, se despediu com um abraço, e esperou que a mulher se fosse, sumindo em meio à noite, enquanto fumava seu um último cigarro, sentado sob uma pedra. Só após ter alguma garantia e certeza de sua solidão em meio às trevas da mata, começou os preparativos para sua própria partida. Primeiro usou o mesmo saco do dinheiro para guardar algumas barras do material branco recebido. Quando finalmente embalou bem as poucas barras, pôs estas em um buraco, cobriu-o com uma pedra que havia no local de encontro, e posteriormente seguiu a mesma rota usada antes, para voltar a casa, agora com o dobro de cuidado e dificuldade, até porque, carregava em seu retorno um considerável peso extra. Contudo, mesmo assim não demorou em chegar. Algo positivo, pois tinha de aproveitar enquanto os irmãos dormiam. 

Ele passou boa parte da noite preparando e embalando o material em pequenos pacotes e rolos, terminando somente quando já estava próximo do amanhecer. Então, ao encerrar tudo, Adam afastou um móvel que havia na sala, abriu um alçapão para o apertado porão e guardou todo o material com o máximo de cuidado, para não rasgar ou desmanchar. Em seguida, também jogou um pouco de café sobre as diversas embalagens. Além de misturar a borra que já existia ali embaixo. Somente ai, ao eliminar qualquer vestígio, ele relaxou, e se dirigiu a cozinha, onde deu continuidade a rotina de sempre. Algo que ele não teve muita dificuldade de fazer, inclusive por toda uma semana. 

Nos dias que se sucederam nenhum acontecimento inesperado, e principalmente indesejado, aconteceu. Tudo acabou correndo bem, até melhor do que esperado. Pela manhã e tarde, com alguma dificuldade, ele pode vincular seu sono com a distribuição das encomendas na área, sem grandes dificuldades. Além disso, sua estrutura comercial melhorava constantemente. Os adolescentes e crianças que havia arranjado entre vizinhos e conhecidos, trabalhavam com maior eficiência a cada dia. Mesmo seu contato no centro de Vancouver lhe fazia encomendas cada vez maiores. E como maior preocupação, durante esses horários, tinha os gestos repreensivos de Charles, quando era pego ou mesmo quando não fazia absolutamente nada. Enquanto isso, a situação com Garret só melhorava, com as devidas ressalvas.

O contador não tinha lhe pagado nem metade da dívida, e as limitações quanto aos materiais e áreas de revenda amentavam constantemente. Mas a informações também haviam começado a chegar com maior volume e frequência, mais e mais livros eram recebidos por Adam e devidamente preenchidos pelo menos. De supostos manuscritos de Rimbaud a possíveis volumes originais de Goethe, Adam cada vez mais traduzia e transcrevia, fosse com fins acadêmicos, fosse com objetivo escuso. E estes últimos, principalmente, entravam em sua sala em quantidades certamente superiores. E a cada livro preenchido, ele reservava atenção dobrada. Horários sem motivos, siglas de possíveis nomes junto a indicações de locais, valores também acompanhados de mais siglas. Nome de países, regiões, cidades e bairros. Logo ele começou a escrever em suas próprias pernas, próximo a virilha, para garantir que lembraria de todas as informações. No entanto, apesar das chances de erro e do perigo frente aos dois lados, ao menos assistiu uma recorrente diminuição nas insistências de Hingis. Ou seja, tudo sem dúvida alguma estava indo bem. A sorte finalmente parecia sorrir em sua vida pela primeira vez. Claro, se ele desconsiderasse as obrigações que ainda possuía em casa.

Em umas das noites em casa, o rapaz acabou por receber um pedido inesperado da irmã nos sentido de ajuda-lo no trabalho. Ela também queria escrever cartas e números - Só hoje, mano - Pedia ela. Obviamente Adam disse não ser aquilo algo para crianças, e que a irmã não poderia fazer esse tipo de coisa. Mas insistente e doce como sempre, Mary acabou por bater até fazer Adam ceder, mesmo que apenas pouco - Tem certeza? - Ele analisou bem os grandes olhos castanhos que brilhavam no rosto da irmã, e mesmo sem ouvir uma única palavra, soube de imediato a reposta - Tudo bem, então. Sente aqui comigo. Já começou a estudar francês na escola? - Assim, e por algumas horas, permaneceu com Mary junto à mesa, enquanto o irmão adolescente fazia o que sabia fazer melhor, se trancar no quarto.

No início foi difícil mostrar à pequena muitas das palavras difíceis e irreconhecíveis, com as quais ele trabalhava. Mas impressionando o irmão, nas frases mais simples a menina mostrou uma capacidade quase nata de reconhecer padrões e regras. Claro, ele não meteria a irmã naquele mundo. Porém, não podia negar, estava animado. De fato, talvez a garota fosse útil de alguma forma. Aquilo fez Adam ter algumas boas lembras, ao menos até ser confrontado pelo irmão. Nesse momento, o óbvio ficou ainda mais claro para o Parker. O irmão desconfiava de muita coisa, e principalmente, já tinha certeza do básico - Seu traficante de merda - Gritou o garoto. Frente a ele, o moleque sempre havia mantido o controle e o respeito básico, apesar das diversas confusões. Mas ali, o guri simplesmente aparentava ter perdido a razão, e o xingava descontroladamente enquanto puxava a irmã a força para longe de Adam. Falou inclusive sobre sair de casa. E para alguém que também já não suportava aquilo tudo, não foi difícil para Adam também perder a paciência. O movimento foi quase automático. Em um minuto estavam discutindo, e no outro sua mão foi em direção ao garoto.

Após o soco, Charles bateu contra a parede e deslizou lentamente até o chão. Adam ainda teria avançado mais, se a irmã não tivesse lhe agarrado pela perna. Se não bastou a ação, as intenções tendiam em tornar tudo ainda pior. Em consequência, ele somente observou parado por algum tempo, assistindo o irmão desorientado tentar limpar a o sague que lhe saia pela boca, enquanto a pequena ficava sobre o adolescente, chorando e abraçando. Vendo tudo, ele até desejou se aproximar, no entanto optou por simplesmente sair, batendo a porta. Naquele momento não lhe restava muita paciência para pazes ou qualquer coisa do tipo. Estava realmente cansado daquilo tudo. Às vezes tinha raiva por ter tido, como única herança, uma casa caindo aos pedaços, e dois irmãos a tira colo para criar. Era injusto, até por que, o próprio nunca havia tido alguém da família realmente para cria-lo quando era jovem. Definitivamente para ele não havia qualquer justiça na sua vida, mas era o que tinha, e principalmente, era obrigação com a qual ele deveria cuidar. Dessa maneira, ele decidiu só sair pelo bairro e esfriar a cabeça, passando um bom tempo fora. Voltou apenas uma hora depois. A casa já estava escura, apenas com a luz da sala ligada, então ele não se preocupou. Mas acabou surpreendido. Ao abrir a porta, Adam sentiu um forte baque no rosto e caiu e desacordado. 



Soundtrack - Recomendo




Conseguia ouvir barulhos distantes. Algo como gritos e talvez choros, mas inicialmente não teve a menor ideia do que acontecia. E enquanto sua visão retornava turva, e a cabeça girava, uma dor lancinante lhe veio na área da têmpora. Não à toa só tomou consciência do que ocorria algum tempo depois, após observar bem a situação nada agradável. Em cadeiras posicionadas frontalmente a dele, Charles e Mary estavam mantidos amarrados e amordaçados. O garoto, com a marca de pancada ainda estampada em seu rosto, mantinha-se sério e com os olhos arregalados. Enquanto Mary possuía nos olhos um tom vermelho envolto em lágrimas, e apesar de amordaçada, conseguia produzir gemidos suficientemente altos para serem ouvidos. A cena fez Adam tremer, e forçar os pulsos para cima - Péssimo quando as coisas não vão como queremos, hein? - Ignorando a voz, Parker simplesmente continuou forçando, ao ponto de tirar a cadeira do chão uma vez ou outra, algo que não surtiu qualquer efeito - Atenção, seu merda! - Puxado pelo queixo, não restou opções para Adam além de dar atenção à origem da voz. Ao encarar, teve um vislumbre do rosto diante de si. E teria cuspido se não estivesse amordaçado.


- Sabe meu rapaz, traição é algo irritante. É um incômodo enorme quando alguém joga no lixo a nossa confiança. Temos de ir à casa do sujeito cobrar satisfações. Sempre têm crianças e sangues no meio, e claro, o sujeito nunca quer falar. Você não tem ideia de como é desagradável. E, sinceramente, esperemos que continue sem ter. Então, vamos ser sinceros, onde tem conseguido a droga? - Forçando a mordaça para baixo, esperou-se de Adam uma resposta. Mas no lugar lhe palavras, houve apenas o silêncio e o crepitar do fogo na lareira. Diante dele, o Garret levou a mão esquerda ao próprio queixo, observando-o - Vocês realmente nunca entendem a situação, não é? - E acenou negativamente com a cabeça - Certo, vamos tentar de uma forma mais... Didática.


Sem hesitação, Garret pegou uma arma que trazia junto à cintura e colou na cabeça de Charles - Posso desenhar se quiser, mas pelos seus olhos arregalados acho que você não vai querer - Pela primeira vez via lágrimas se acumularem nos olhos do irmão. Por um momento permaneceu com a boca aberta, sem reação perante o adolescente e o atirador, enquanto a mão direita começava a tremer, até a frase sair automaticamente - Arranjei outra fonte! - Mas apesar da resposta, o som do gatilho indicava não ser o insuficiente - Está brincado comigo, Parker? É melhor fazer mais que isso - Contudo, Parker meramente tremeu e gaguejou, assistindo a listras de lágrimas tomarem forma por todo o rosto de Charles - Eu-u... - E então o barulho irrompeu no lugar, com a cabeça do adolescente pendendo diante dele, e os jovens olhos perdendo qualquer luz de vida que um dia ali estivera presente.


Em um impulso desesperador, ele praticamente saltou, puxando junto à cadeira na qual estava amarrando, levando ambos ao chão. Os gritos dele ainda abafaram os gemidos cada vez mais fortes produzidos pelo choro de Mary. Mas Garret não parecia muito interessado, e somente assistiu, recolheu sua arma, limpou-a em sua roupa e dirigiu palavras a terceiros - Olha o que ele me fez fazer. Tirem este da minha frente, e levante esse paspalho - Pela primeira vez dois outros sujeitos também apareciam a vista de Parker. Um deles o levantou como se fosse uma criança, em contraponto ao outro, que teve dificuldades em arrastar Charles para longe da vista de todos. Porém Adam pouco se atentou aos detalhes, e praticamente berrou em direção ao atirador - Seu desgraçado, filho da mãe! - Impaciente, o contador ignorou as ofensas e se centrou na discussão - Ao contrário do irmão esmurrado, você parece gostar da bonequinha ali. Então talvez pare de imbecilidades, e abra essa boca quando eu apontar a arma. Vamos recomeçar!


A nova ameaça foi posta. Assistindo a aproximação do outro junto à pequena Mary, finalmente percebeu que não havia mais para onde correr. Respirando cada vez mais rápido, e com o corpo quase em espasmos, Adam soltou cada palavra como se soltasse o próprio fôlego - Hingis! Mônica Hingis! Ela trabalha na escola local, a... A mesma das crianças. É tudo que sei, é com ela que compro as drogas. É tudo o que sei! Agora, por favor, liberte-a. Ao menos a menina, deixe-a ir - Opondo-se ao desespero estampado em Adam, um sorriso sarcástico se abriu no rosto do interrogador - E não é que aquela putinha dizia a verdade? - Animado, o homem pálido traçou ordens rápidas - Ei, ligue e confirme toda a história. A da Mônica, Mônica Hingis. Não é isso idiota? - Por alguns momentos, a atenção parecia simplesmente abandonar a família, dando-lhes uma sensação da liberdade. Mas era cedo demais.


Após as ordens, Garret voltou à conversa e espalmou por duas vezes o ombro de Adam - Agora sim estamos chegando a algum lugar. Então, vai nos contar o que mais fazia com eles? Quem é esse pessoal? - Um novo silêncio nada agradável se instalou, mas dessa vez não era graças ao linguista - Sabe, meu rapaz... Na minha agradável conversa com a senhorita Hingis, ela também citou seu nome, e tem mais. Ela inclusive falou sobre uns vazamentos de informações no nosso grupo. Você... Não saberia nada a respeito, saberia? - Encarado pelo homem com a pistola em punho, não exclamou qualquer reação senão a vermelhidão tomando seus olhos - Foi você, não foi? - Logo o contabilista ganhou um novo sorriso e se ajoelhou próximo ao rapaz, enquanto o assistiu começar a implorar - Solte-a. Só ela - Mas Garret não demonstrou qualquer empatia, prosseguindo em sua conversa - Como pôde ter sido tão fácil? Você não imagina o quão bosta é, Parker! Apenas um mês te vigiando, um mês, e já descobrimos tudo! Mesmo criado por quem foi, parece não ter aprendido absolutamente nada! - O sorriso se aproximava da gargalhada - Esperava que caíssemos antes disso tudo acontecer, não é paspalho?! Aquele velho desgraçado lhe ensinou muito mal. Mas não se preocupe Parker. Você nos foi muito útil, e não terá seu fim com tanta facilidade. Irá aprender um pouco mais - O sangue praticamente sumiu no rosto de Adam, e como uma reação quase instantânea, os olhos dele se viraram para Mary - Não, não, não...! - Desesperado, ele novamente tentou forçar o braços da cadeira sem nenhum resultado - Meu rapaz, melhor se preocupar com você primeiro. Ei, vocês dois, preparem a marcação!


Um dos capangas se aproximou dele, abriu-lhe a camisa e o segurou firme a cadeira. O mandante da situação mais uma vez só acompanhou - Acho esses meios um tanto ultrapassados. Você me conhece. Tanto que atualmente é até raro voltarmos a usa-los, imagina? - O primeiro capanga então retirou um lenço do bolso e em seguida o enfiou na boca de Parker, enquanto o segundo apareceu em seguida segurando em uma pinça de lareira com algo pequeno e brilhante em sua ponta - Mas vocês sempre fazem por onde, não é mesmo?! Nos apunhalam na primeira oportunidade que encontram, e nos forçam a lembra-los disso - Logo, o objeto incandescente lhe alcançou o peito, e uma dor lancinante dominou Adam - E sabe que uma lembrança nunca é válida se não durar a eternidade - Seu grito, mesmo abafado, foi desesperador e acompanhado no mesmo tom por Mary.  Já seu corpo tremeu angustiantemente e por completo, no mesmo ritmo em que o cheiro de carne queimada lhe entranhou as narinas. Só depois de algum tempo sua carcaça estacionou, esgotada e atordoada, mas não esquecida - Vejo que já está exausto. Mas não se preocupe, vocês terão finalmente um momento de descanso. Querem se despedir antes? - Suor e lágrimas já se misturavam em seu rosto, quando Adam tentou uma última vez forçar a cadeira. Em vão, afinal, não possuía quase força. Em seguida, sentiu a primeira pancada em sua cabeça, que o levou novamente ao chão junto à cadeira - Mary, não é? Vamos encerrar logo isso, Mary? - Enquanto o chefe se aproximava da criança, os capangas se ocuparam de Parker. Na queda, este sentiu a cadeira enfim amolecer, e se libertou - Sabia, minha querida, que ele sempre te achou um estorvo? Sim, a mais pura verdade. Mas não fique assim, vou te livrar dessa vida desgraçada. Acabarei com toda a sua dor num piscar de olhos - Ainda com consciência, Adam tentou se virar para a irmã, e forçou o próprio corpo ao ponto de conseguir levantar. Porém logo uma segunda pancada lhe veio, e ele sentiu a dor e a escuridão tomando sua mente, com seu corpo pendendo de forma incontrolável. Para se manter firme, o desespero não parecia ser mais o suficiente. Como último barulho pôde apenas ouvir palavras quase indistinguíveis em meio a gemidos - Mano... - Mas não houve qualquer reação. Com os olhos fechados, Adam mais uma vez apagou.
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