Remmy leBeau

Passos inquietos ecoavam no aposento agora vazio, ou poderia se dizer destruido. Tinha que concordar que o mundo conspirava contra ele nos últimos dias e descarregar frustrações residuais dos dias atenriores foi de fato a melhor forma para não chamar atenção. Não era de seu feitio perder o controle, mas quando se é atacado, mesmo com seu consentimento por um Sabá que com certeza havia apreciado mais do que deveria, ter sido arremessado feito um boneco de pano, atacado sem seu consentimento por outros Sabás que desconhecia, ter seu lugar favorito destruído, ainda sim ter que manter o controle para não quebrar a maldita Máscara e seus futuros planos. Como se não fosse o bastante, ser ignorado completamente por aquele tão chamado Príncipe que governa uma cidade tão bem quanto sabe limpar a própria bunda.

Pela primeira vez sua conversa com Shawn o havia deixado inquieto, claro que isso em nenhum momento foi demonstrado enquanto na presença dele. Mas tamanha foi sua hipocrisia e descaso, que Shawn simplismente o dispensou sem dizer uma palavra se quer  a respeito do que Remmy havia compartilhado sobre Liliane. Já imaginava que ela tinha um certo poder sobre Shawn, mas aquela cobra parecia ser muito mais venenosa do que ele poderia esperar. Uma pena que ele mesmo não podia agir contra Liliane, mas tinha aliados poderosos agora que poderiam resolver sua situação, e talvez matasse dois coelhos de uma vez só.
 
O Toreador joga sua taça já vazia, que colide com a parede do outro lado do aposento minúsculos pedaços criando uma chuva de cristais. Fecha os olhos por alguns segundos num ato de si recompor. Abre os olhos para então reparar no estrago feito no aposento. - Uma pena, eu realmente gostava daquela poltrona. Remmy deixou o aposento se dirigindo para sua singela adega, precisava se alimentar, não era essa forma de se alimentar que tinha em mente, mas de certo no momento seria a mais segura.

Derramou aquele líquido viscoso na taça bebendo em um único gole em seguida e mais uma dose foi servida. Com a taça de Vitae em sua mão, Remmy caminha pela sala e se senta no sofá e se permite a deslizar no mesmo se espalhando confortavelmente colocando sua cabeça para trás descansando-a nas costas do sofá olhando para o teto, com a taça em sua mão direita apoiada no sofá, o Toreador pensativo calcula seus próximos passos. Esse era o momento de ficar o mais distante dos Sabás e mais próximo a Camarilla e lamber o chão que aquele Príncipe inútil pisa para "tentar se redimir" das acusações "erroneas" feitas a respeito de Liliane. Ao menos até o momento certo chegar, então uma gargalhada debochada e satisfatória escapará da boca e ecoará pelos quatro cantos de Vancouver.

Ainda pensativo, desejando que esse "sonho" seja num futuro próximo, em meio aquele silêncio gritando do aposento, a música mais suave e atraente chega em seus ouvido fazendo com que seus lábios se estiquem formando um sorriso malicioso. Conhecia bem aquela música, aquela voz assim como as atitudes escondidas por trás de tanta suavidade e delicadeza. Remmy bebe um gole da Vitae mantendo o sorriso no rosto.

-Bom tê-la de volta, como nos velhos tempos. Pensa ele voltando a descansar sua cabeça no sofá.