City Library & Spirit Civic Plaza

A pressão do trabalho, os "extras" que tenho que fazer, estão deixando-me louca, cansada e sem tempo para nada, juro estava perdida em meio à tantos papéis e reuniões que estava participando, o pior de tudo era fazer os relatórios das bem-ditas reuniões com Shaw, ele sempre queria tudo perfeito e detalhado e para ontem. Não duvido que devo estar cheia de fios brancos devido à esse novo emprego. Olhava a lixeira ao meu lado e a proposta parecia tentadora, jogar tudo lá dentro e sair batendo o pé em um ato de rebeldia, mas não. Onde estava tinha algumas informações que poderiam ser valiosas no futuro, não muito distante. Como o roubo que havia feito, se fosse católica como quando criança, agora estaria rezando o sermão que o padre haveria me dado com o que fiz dias atrás. Mas minha fé era tão real quanto a fantasmas... Há quem acredite, mas...

Hoje eu havia decidido tiraria o fim da noite para mim e Shaw que se dane, não estava disposta à ir em nenhuma reunião, muito menos fazer relatórios e sai do escritório batendo o salto pela portaria. Sim eu sou uma menina rebelde. Estava prestes a curtir minha noite assistindo um filme no cinema e comer em um bom restaurante, eu estava precisando disso ou logo, logo estaria em uma casa de repouso.

Não tinha lugar melhor para ir do que no Spirit, como nos velhos tempos. O ar daquele lugar é magnifico sou amante dos livros, filmes e tudo que posso encontrar lá, posso passar um mês lá e ainda querer voltar e ainda arrumar uma divida por toda a eternidade. Cruzei a porta de entrada e decidi o que iria fazer naquela noite. Comprar um bom filme ou um show para curtir minha noite de folga. Isso é isso, que eu faria. Cinema ou teatro poderia ser uma opção, mas estou sozinha, logo prefiro curtir a solidão no meu sofá, com os pés para cima coberta até o pescoço esperando os cinco primeiros minutos passarem para eu poder dormir.

Uma coisa eu sabia que por onde passava atraia olhares, mas poucos eram os que tinham coragem de chegar, esqueci de colocar a plaquinha "Não mordo", mas sei lá. Estava tranquila olhando os Dvd's pensando qual seria o escolhido da noite, quando olhei por cima da estande e vi um rapaz, hipnotizado. Ele era fofo, demais, um olhar inocente, mas sabia que ali que morava o perigo, adorei o estilo dele, corri meu olhos desviando o olhar de uma sinopse para ele e, notei a malicia ali, depois voltando à procura do filme perfeito.

Deixei um sorriso transparecer do rapaz, enquanto pulava de titulo em titulo, pobre do vendedor que baixaria loja atrás do documentário que ele havia pedido. Pude notar o moço aproximando-se, fingi estar no meu mundo quando ele começou a falar. Tinha duas escolhas ser simpática e ser mala.

- Oi boa noite... - Sim aquilo era comigo, fiquei séria, mas o sorriso logo transpareceria com certeza, meu olhos caíram sobre ele o analisando, nada discretamente, como se estivesse pensando, quem é você para falar comigo, mas meus olhos pararam o encarando. Ele era do tipo galanteador e destemido, gosto desse tipo de cara, pena que eles não valem nada e dificilmente ligam no dia seguinte... Mas bem estava adorando o que ele estava fazendo, vamos ver até onde aquele gracejo iria...

Também gostava daquele perfume que estava usando naquele dia,inclusive era uma das ultimas gotas, não era um que tinha uma presença marcante, mas um calmo de flores, bem docinho, deixando por onde passo minha marca. A comparação dele foi muito ousada - Ah, Não tem problema. Obrigada!   -O Fato era que dificilmente eu ficaria tímida com a situação - É um dos meus preferidos também. - Deixei um sorriso alvo e simpático transparecer minha face. - Posso te passar o nome para presentear sua namorada... - Vamos lá querido, agora é a hora da verdade, apesar que conheço o seu jogo, mas será que você conhece o meu?

Eu sempre gostei de ambientes assim, assim cheios com repleto das mais loucas figuras perambulando por ai, é algo assim magnifico. Sempre tendo uma chance de conhecer um alguém, adoro novas amizades, sempre veem repletas de aventuras e novidades.

Estava ali em meu mundo escolhendo o meu próximo filme, enquanto fui abordada por aquele rapaz, lindinho por sinal. Ele foi galanteador ao puxar papo comigo, o medi e se pudesse colocaria no meu caderninho, mas havia deixado em casa. Percebi que a paquera era evidente e vamos lá gato, vamos ver como joga... era isso que pensava ao oferecer o nome para ele presentear uma suposta namorada, tenho que saber onde estou entrando.

Normalmente uma garota ficaria acanhada com o elogio do rapaz, mas não eu
- Obrigada Thomaz! Deve falar isso para todas! - brinquei com um sorriso, mantendo meus olhos fixos nos dele, estiquei a mão para ele em um gesto que havia lhe dado confiança. - Me chamo Alyssa - disse vendo o sorriso inocente aparecer em sua boca. Ah como eu gostava do que estava acontecendo...

Gostei ainda mais do que veio à seguir, ele era solteiro, "muito bem Aly". Repetia mentalmente. Eu estava com um Dvd em mãos, juro que sequer sabia que havia pego, mas estava lá, uma maneira de desviar minha atenção enquanto ele procura pelo velho cujo ele havia feito um pedido. Gosto  dos gracejos e do elogio do rapaz para mim, e sei exatamente suas intenções, vamos deixar rolar e ver onde tudo termina, quem sabe não era minha companhia para a noite?

Nossos olhos voltam a cruzarem, notei o tom âmbar no fundo dos olhos escuros dele. - Pobre vovozinho, você também lhe fez um pedido quase impossível. E acho que ele é novo aqui... - disse em tom de brincadeira, uma vez que gosto de me perder nesse mundo de ilusão que são os livros e filmes.

- Então é um novato na cidade!? - meu tom é divertido assim como minha postura. - Também cheguei recentemente aqui, mas morava aqui quando adolescente, só estou me readaptando à velhos costumes e novos lugares! - mostrava um pedacinho da minha história, assim como ele fez - De onde é? - pergunto com curiosidade? A resposta veio rapidamente Nova York - Tá explicado por que não conhece nada aqui..

- Então, eu conheço alguns lugares onde você poderia levar uma dama, nem tanto assim, como eu... O que pretende fazer essa noite? - como assim inverteram os papéis a garota está chamando o cara para sair, como assim onde estão os velhos costumes??? é o que devem estar se perguntando, mas esqueceram que sou Alyssa Blane? - O que acha de assistir um filme? - Devolvia o dvd a prateleira e abria um belo sorriso para ele - Ou melhor assistir a peça que começa em... - olhava em meu relógio e para o cartaz na parede da loja - em 15 minutos?

Eu havia mudado meus planos da noite.

Primeiro sendo rebelde e deixando minha mesa vazia em pleno expediente, agora mudava os planos do sofá, pipoca, coberta e um bom Dvd, estes ficariam para outra oportunidade, pois estava prestes a assistir uma peça com o bonitinho cujo euzíssima havia convidado e depois somente merlin para saber o que aconteceria, nem eu sei das minhas consequências.  

Nós nos encontraríamos na entrada, foi isso que Thomaz havia proposto,  ótimo lugar, agora veremos se o Don Ruan cumpre com o seu prometido, peguei o cartãozinho que ele havia entregado-me, olhei com o mesmo sentimento amigável o número dele, puxei meu celular anotando, mas ainda não lhe deixei com o prazer de ter o meu número. Tinha certeza que ele queria meu número, porém nada tão rápido assim, mais calma e logo ele conseguiria as coisas que quer, porém a paciência é uma dadiva cujo eu admiro demais. Quando fui anotar o numero dele na memoria do meu cel, olhei no visor havia algumas mensagens do meu querido chefe, mas não deixei transparecer a possível preocupação. Teria que dar um pulo na minha mesa e voltar aqui, meu medo é se eu teria tempo suficiente para isso.

Ele me fazia um convite para encerrar a noite, fiz uma menção misteriosa para ele, arqueando os ombros e tombando a cabeça para o lado. Beijei minha mão e soprei o beijo para ele, deixando-o com uma piscadela esperta. - Em 13 minutos aparecerei lá! – Sumi na multidão, uma coisa que aprendi quando necessário, desaparecer, tornar-se mais um no meio do povo, não era uma coisa muito fácil, quando se é alta e loira, logo vira ponto de referencia, mas mesmo com certas dificuldades, desapareci na frente dos olhos do bom moço.

Era assim que as coisas funcionavam, caminhei para fora do Spirit e certifiquei-me de que não estava sendo seguida por ninguém. Sequer na minha noite de folga eu posso ficar em paz? Se as coisas continuar desse jeito vou pedir por um aumento, na segunda-feria! Chamei por um táxi deixando realmente o local, será que perderia minha noite novamente por conta do trabalho escravo cujo candidatei-me?  Pedi gentilmente que o taxista esperasse por mim, que logo desceria.

Peguei o elevador, estava com sorte ainda tinha 4 minutos até o horário combinado, peguei aquele relatório da minha mesa e deixei sobre a mesa de Shaw conforme ele havia pedido. Ainda precisava desse emprego, desci as escadas cujo levava para a rua, pulei dentro do táxi que estava esperando-me.

Sim. Estava atrasada dez minutos, quinze minutos e a esperança dele ainda estar por lá era minima, conforme corria pelos corredores e o sapato fazendo o tec, tec tradicional de alguém muito apressada, meus cabelos balançavam com o vento. - Ufa! Cheguei... – desacelerei, procurando por ele, tinha certeza de que Thomaz percebeu que eu não apareceria e acabou indo embora, sim, eu tinha um ar preocupado ao olhar para os lados e não vê-lo, mas um sorriso simpático surgiu quando meus olhos cruzaram com o dele. Segui na sua direção – Desculpa. Acho que perdemos nossa peça, mas aceito o convite de irmos tomar alguma coisa. Posso te compensar pela espera.. –

- Infelizmente sim, mas acho que a peça não era tao boa assim ...E adoraria beber algo acompanhado de uma dama como você ... E aonde devíamos ir , um lugar mais quente ou um lugar mais requintado? -  aproximei e o beijei no rosto.

Mudança de planos baby, agora a peça era planos encerrado para a noite, uma pena, pois era uma coisa que gostaria muito em fazer, agora aceitar o convite para ir beber alguma coisa, bem teria que ter cuidado em não passar do limite e acabar agindo como uma universitária sem um pingo de responsabilidade. Não que eu seja responsável, mas não vem ao caso por enquanto.

– Pode não parecer, mas não sou fã de um lugar requintado. Regras e etiqueta, nunca foram o meu forte. – brinquei – então conheço alguns lugares, mas o que acha de me levar em um qualquer, fazemos assim saímos por aquela porta e você decide onde iremos, beber alguma... - a proposta poderia soar indecente, mas era apenas o começo e vamos ver o que o gato era capaz de surpreender-me.